domingo, 4 de julho de 2010

Espanha para a meia final da Taça do Mundo da FIFA África do Sul 2010


Todo artilheiro precisa de frieza, faro de golo, um pouco de sorte e, não menos importante, persistência. David Villa pode bem dizer isso. Neste sábado, em Johanesburgo, o atacante estava no lugar certo para decidir a classificação inédita da Espanha para a meia final da Taça do Mundo da FIFA África do Sul 2010 - já que a única vez em que o país terminou entre os quatro primeiros foi em 1950, quando o sistema de partidas eliminatórias não era adoptado.
Num confronto equilibrado no estádio Ellis Park, com dois pênaltis desperdiçados em sequência, foi o matador quem tratou de resolver, mais uma vez, a vida dos actuais campeões europeus. Em recarga na área após chuto de Pedro no poste direito de Justo Villar, ele ficou com devolução aos seus pés e chutou no canto direito. A bola voltou a bater nos postes, mas dessa vez entrou. Foi seu quinto golo no Mundial, para se isolar na tabela.
Se os espanhóis possuíam o time mais técnico, claramente, os paraguaios apresentaram-se com aplicação táctica, destreza defensiva e contra-ataques perigosos. É o tipo de postura que manteve o resultado intacto em seus jogos por mais de quatro horas seguidas em solo sul-africano.
A Fúria agora enfrenta a Alemanha na meia final, que será disputada no dia 7 de julho, em Durban, numa reedição da final da UEFA Euro 2008, na promessa de mais um grande duelo pelos mata-matas.
O técnico Gerardo Martino surpreendeu ao promover uma revolução no seu plantel para o confronto, trocando cinco titulares em relação a equipa que passou pelo Japão nos oitavos, sem contar no regresso de Victor Cáceres para a cabeça de área, após cumprir suspensão. Em compensação, a Espanha foi composta pelo mesma equipa titular de toda sua campanha, com excepção feita ao duelo com Honduras, que teve Jesús Navas e David Silva nos lugares de Andrés Iniesta e Fernando Torres.
Entre os Guaranís, Darío Verón fez sua estreia na lateral-direito, no lugar de Carlos Bonet. Jonathan Santana e Edgar Barreto foram para o meio-campo, enquanto Enrique Vera perdeu o lugar pela faixa direita. No ataque, em vez de três peças, o argentino decidiu usar apenas duas, com Óscar Cardozo e Nelson Haedo formando a dupla, em vez do trio Roque Santa Cruz-Lucas Barrios-Edgar Benítez.
A ideia do treinador foi colocar Santana e Barreto adiantados no meio-campo para exercer uma marcação por pressão na intermediária espanhola, para, quiçá, dificultar a circulação de bola de seus talentosos adversários. Quando os campeões europeus avançavam com a bola, os sul-americanos recuavam seus jogadores e por vezes usavam até mesmo Haedo na contenção.
Por 20 minutos, funcionou muito bem. Os espanhóis só acertaram seu primeiro chuto ao golo com perigo em jogada inteligente de Xavi, aos 28 min. O médio do Barcelona dominou a bola e tentou, da entrada da área, encobrir Justo Villar com um toque subtil, para fora. Antes disso, a equipa já começava a penetrar em território oponente trocando passes com velocidade, de pé em pé, para abrir espaços, deixando Iniesta, Torres ou David Villa na cara da defesa, situação em que são muito perigosos. Eles também deram atenção à saída de bola e forçaram alguns erros de passes.
O Paraguai começou a ficar cercado, desta forma, em seu campo, restando-lhe o contra-ataque como única resposta e alternativa. Uma boa oportunidade para tanto saiu aos 35 minutos, quando Barreto foi ligeiro para lançar o lateral Claudio Morel pela esquerda. O ex-jogador do Boca Juniors avançou em velocidade e cruzou para a área. Santana, por pouco, não alcançou a bola em mergulho, dentro da área.
Aos 45, Cardozo fez belo passe no meio para Valdez, que protegeu bem a bola e partiu à frente do redes rumo à área. Com certa liberdade, ele acabou não progredindo tanto e arriscou de fora da área, muito por cima do golo de Iker Casillas, no último lance da primeira etapa.
Em noite fria no Ellis Park, o jogo demorou alguns minutos para esquentar no segundo tempo. O panorama mudou, contudo, e drasticamente, aos 13 minutos, quando, em bola aérea para área Espanhola, o defesa Gerard Piqué derrubou Cardozo na área. O avançado paraguaio, que havia marcado o golo da classificação ante os japoneses na disputa por pênaltis, foi para a cobrança e, dessa vez, acabou desperdiçando, com defesa de Casillas.
Incrivelmente, logo em seguida, um minuto depois, foi a vez de a Espanha ter um pênalti a seu favor, e os adeptos nem tiveram tempo para respirar. Villa arrancou pela esquerda, entrou na área e foi derrubado por Antolín Alcaraz. Xabi Alonso bateu pela primeira vez e marcou. Mas o árbitro Carlos Batres mandou voltar por causa de uma invasão espanhola à área antes da cobrança. Na segunda tentativa, o meio-campista viu Villar fazer a defesa, espalmando. Após confusão na área, evitando recarga, os paraguaios se livraram com um canto.
Quando a histeria coletiva se instaurou na arena, a Espanha se assentou e voltou a ter domínio de bola no ataque e passou a chegar com perigo. Até que aos 83 minutos, a barreira paraguaia foi rompida. Iniesta arrancou pelo meio e desarmou a defesa, para passar para Pedro na área. O médio atacante bateu firme, e a bola explodiu no poste direito de Villar para sobrar para os pés de Villa. O artilheiro chutou cruzado. A bola voltou a tocar na trave - aliás, nas duas -, mas dessa vez acabou na rede.
O Paraguai ainda teve uma chance de chegar ao empate aos 89 minutos, quando Lucas Barrios recebeu lançamento pela direita e partiu para a área. Ele chutou rasteiro, e Casillas largou. Na recarga, o redes foi arrojado e fechou o ângulo na finalização de Roque Santa Cruz para fazer uma grande defesa com os pés. No fim, a combinação entre o redes e Villa acabou sendo preponderante para o triunfo espanhol. A meia final já não é mais um sonho antigo. Agora é a realidade de uma reedição da final da UEFA Euro 2008 contra os alemães.

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